sábado, 31 de dezembro de 2011

Simples retrospectiva

Começo a escrever esse texto pontualmente, e por mero acaso, à zero hora do dia 31 de dezembro de 2011.
Faltam menos de 24 horas para o ano acabar. A sensação é estranha, no mínimo. Não há como não parar um instante e se por a pensar em tudo o que aconteceu. Dias intempestivos. Emoções a flor da pele. Raiva, alegria, desejos e mudanças.
Me apaixonei. Amor de verdade... Voltei a fazer Rock. E (deixando a modéstia de lado) rock do bom, diga-se de passagem.
Mas não quero falar das minhas experiências hoje. Quando assisti a tradicional retrospectiva da Globo, revi coisas que a memória tinha apagado. Kadafi morreu. Paulo Renato Souza e suas idéias para educação também. Moacir Scliar não escreve mais. Lula e Gianecchini têm câncer. Joãozinho Trinta não faz mais samba.
O Pearl Jam veio ao Brasil, e lá estava eu. Mas a Britney e o Bieber também (esses eu não fui). O U2 fez o chão tremer. A Pitty no Rock in Rio também. O Tedect emocionou no palco. Foi um ano memorável.
E triste também... 12 crianças e um assassino. 13 mortes e um país em choque. A presidente Dilma Rousseff chora.
Fórmula 1 é um fracasso para o Brasil. UFC um sucesso. Timão é Penta. Barcelona é o melhor time do mundo, mas o Santos tem o seu mérito.
Foram tantas tragédias. Mas o que houve em 11 de janeiro não pôde ser esquecido. Um estado inteiro submerso. Centenas de mortes e uma realidade assustadoramente imprudente e corrupta. A tragédia mostrou despreparo do poder público ao realizar obras de prevenção, e o cúmulo da infidelidade ao dinheiro e a dignidade do povo, deixando milhares de pessoas com a ajuda única dos céus.
Um mundo dá dicas de que chegou a sua reta final. Os Maias garantiam que não passávamos de 2012. Agora, o que vai ser? Continuo com meu violão, pondo-me a pensar... Que venha o que tiver de vir!



Marcos Ferreira Silva

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Quem é Tedect?

Não costumo misturar o meu blog pessoal com assuntos da minha vida musical, no entanto, hoje vou abrir uma exceção. Talvez no futuro eu crie uma página falando apenas sobre isso, mas vamos que vamos.
O Tedect é um projeto musical do qual ajudei a criar em 2007, mas os vídeos que vocês vão ver abaixo fazem parte de uma formação mais recente. Cláudia Cajado (vocal), Bruno Mazetti (bateria / teclado), Weber Moraes (baixo), Carlos Augusto (guitarra / violão) e eu, Marcos Ferri (guitarra / violão), nos juntamos no início de 2011, com a intenção de fazer um bom rock. Eis a formação definitiva!
Essa banda agora planeja novos ares para 2012. Venha e conheça o Tedect!
Os vídeos abaixo são da apresentação que o grupo fez em novembro deste ano, na casa de espetáculos Beco na Vila, em Osasco.
Bom som!




Siga a gente no twitter: @tedect_oficial e no facebook: Tedect. Veja também nosso blog, que em breve passará por uma reformulação: http://tedect.blogspot.com.
Em 2012 o nosso site oficial estará disponível com todas as novidades da banda!
Marcos Ferreira Silva

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Retorno

Caros amigos,
Estamos de volta ao bom e velho blog.
Sei que esta pobre página esteve muito parada nos últimos tempos, mas esse recesso acabou! 
Com o fim de uma etapa importante em minha vida, "A Crônica do dia" volta a ser um filho com atenção do pai.
Perdido com as novidades do blog, em breve teremos novo layout.
Abraço

sábado, 17 de setembro de 2011

A verdade sobre os jornalistas

Esse texto vale um copia e cola!
JORNALISTA não fala – informa;
JORNALISTA não vai à festa – faz cobertura;
JORNALISTA não acha – tem opinião;
JORNALISTA não fofoca – transmite informações;
JORNALISTA não pára – pausa;
JORNALISTA não mente – equivoca-se;
JORNALISTA não chora – se emociona;
JORNALISTA não some – trabalha em off;
JORNALISTA não lê – busca informação;
JORNALISTA não traz novidade – dá furo de reportagem;
JORNALISTA não tem problema – tem situação;
JORNALISTA não tem amigos – tem muitos contatos;
JORNALISTA não briga – debate;
JORNALISTA não usa carro – mas sim veículo;
JORNALISTA não passeia – viaja a trabalho;
JORNALISTA não para pra tomar café – dá uma pausa pra atender o celular;
JORNALISTA não conversa – entrevista;
JORNALISTA não faz lanche – almoça em horário incomum;
JORNALISTA não é chato – é crítico;
JORNALISTA não tem olheiras – tem marcas de guerra;
JORNALISTA não se confunde – perde a pauta;
JORNALISTA não se acha – ele já é reconhecido;
JORNALISTA não influencia – forma opinião;
JORNALISTA não conta história – reconstrói;
JORNALISTA não omite fatos – edita-os;
JORNALISTA não pensa em trabalho – vive o trabalho;
JORNALISTA não é esquecido – é eternizado pela crítica;
JORNALISTA não morre – coloca um ponto final.
Autor desconhecido

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Diário de bordo - parte 01

Foi estranho olhar o calendário hoje. Lá estava marcada a chegada da lua nova, exatamente a meia-noite e quatro minutos do dia 29 de agosto... nossa, mas o ano começou ontem mesmo! Já está acabando o ano, que de modo clichê enfatizo que passou voando.
Isso me fez lembrar algo que a mente havia rapidamente apagado. Há exato um ano e quinze dias eu realizava a única viagem para o nordeste brasileiro que a minha mente se lembra, pois já havia visitado aquelas terras secas aos três anos, no entanto a idade não me permitiu gravar muita coisa na memória.
O que me arrastou até lá foi a necessidade de socorro a minha avó, dona Lindaura, hoje, nos altos dos seus 87 anos, vive enfurnada em um apartamento em São Paulo. Medida necessária para manter acesa a sua condição de saúde, naturalmente abalada pela idade, mas ainda boa - assim mesmo comparada.
O vôo emergencial naquela sexta-feira foi calmo. Lembro do momento em que minha mãe, também única acompanhante na viagem, e eu pousamos no moderno e bonito aeroporto Zumbi dos Palmares. Porém, fora dos limites do “pousador de avião”, fui conhecer uma outra realidade.
Nosso destino era uma cidadezinha distante de Maceió, Inhapi. Para chegar lá, só de van. Já estávamos alertados das condições. Viajamos quatro horas por uma estradinha de mão dupla, com apenas duas faixas e praticamente deserta.
Era tempo de inverno e as plantações estavam imponentes, repletas de milho verde e gado gordo. Poucas casas, grandes descampados que se perdiam de vista no horizonte, algumas florestas, rios e açudes cheios. Mamãe, filha daquela terra, fez questão de ressaltar: “nem sempre é assim”.
Exaustos, chegamos à cidade. Atípica de tudo que conhecia. Pobre paulistinha ignorante da vida real. Fiquei surpreso com o que via. O centro de Inhapi é quase um vilarejo no qual se percorre de ponta a ponta em um piscar de olhos.
As ruas de paralelepípedo, poucos carros. Casas antigas e simples... a praça, a sorveteria e a igreja. Longe de tudo e todos. Jovens de uma cultura bem diferente em relação a um nativo de São Paulo. Um perfil diferente do meu, nem melhor nem pior, apenas diferente.
Notei que a maioria desses garotos e garotas eram amantes de motos – o melhor meio de transporte para correr a capital e o sertão. Lembro de um garoto limpando sua moto no meio da cidade. Com uma caixa de som que tocava um típico tecno-brega.
Ao percorrer aquelas ruas notei que não passaríamos despercebidos. A cidade era pequena e um rosto novo era facilmente notado...
Continua...
Marcos Ferreira Silva

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Eu queria ser Xico Sá

Eu sei que é arrastar asa demais, mas eu queria ser o Xico Sá. Queria porque ele é um em mil nesses tempos de hoje. Falta talento nas ondas virtuais da internet.
Cronista bom é cronista morto, tirando o Xico. Sagaz, ele fala do seu futebol com um Cartão Verde em punho, vive as reportagens que a pauta lhe pede, mas nos delicia mesmo é com seus textos sacanas e despretensiosos.
Mas porque eu queria ser Xico? Para poder proferir palavras diárias com a genialidade dele. Viajar da política do congresso ao passeio por São Paulo, do romantismo ao sarcasmo. 
Eis aí o nosso Nelson Rodrigues conectado!  Pois é meu caro, bom gosto ultrapassa o tradicionalismo!
Ah, ele consegue, em meio à correria, escrever uma ótima crônica todos os dias. Só por isso merece minhas palmas!
É, o Xico nos sacia a saudade de Rubem Braga.
Para tanto, convido-os para prestigiar o autor inspiração. Acessem: www.xicosa.folha.blog.uol.com.br
Marcos Ferreira Silva

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Banda bonita

A Banda mais bonita da Cidade encantou o público da internet. Alimentou a carência do povo por algo belo.
Como um merecido fenômeno da internet, o clipe mais famoso da banda ganhou os comentários mais hilários da web. Salve o tal “Sr. Desconhecido”. Pra variar, é uma das mentes mais criativas presentes na rede...




Injustiçados comentam:

Lobão: “Não deixem que simonalizem vocês!”
Carla Perez: “Gostei da parte do refrão!”
José Serra: “É inteligente porque cortaram gastos!”
Xaveco: “Me chamem para o próximo clipe!”

Políticos comentam “Oração”:

Paulo Maluf: “Isso é obra de Paulo Maluf!”
Plínio de Arruda Sampaio: “Pessoal, quem quiser me seguir Twitter@pliniosocialistamilionario”
Tarso Genro: “Quanta música desperdicei até conhecer essa letra!”
Roberto Requião: “Já pensaram em apanhar?”
Aécio Neves: “Rapaziada, se beberem não dirijam sem habilitação (e com habilitação também!)”
Alckmin: “Bem emocionante... lembrei da casa da vovó em Pindamonhangaba, quando ia lá comer pamonha e mingau de milho!”

Entrevista com “A banda”:

Faustão: “Ô loco, uma grande banda tanto no profissional, pessoal, trancendental e numeral!”
Silvio Santos: “Vocês são de onde? Porto Alegre? Cantam o quê? Rock rural?
Luciana Gimenez: “Escuta, eu queria saber de vocês, se vocês já nasceram cantores ou não?”
Hebe: “Que gracinha, que gostosinho, aquela casa, aquela amizade, tão bom né?”
Milton Neves: “A maior banda do mundo agora, com oferecimento de ‘Orégano Felicidade’, o maior fabricante e distribuidor de orégano mundial!

Cults, malditos e pés sujos comentam “Oração”:

Jards Macalé: “É um ácido harmônico dentro da nova liturgia musical!”
Rogério Skylab: “Espero que eles saibam o momento de parar!”
Valter Franco: “Tem que tem amor, mano!”
Móveis coloniais: “É uma feijoada curitibúlgara de múltiplos temperos”
Teatro Mágico: “É a revolução harmoniosa com a simbologia clown da paz amorosa!”
Língua de Trapo: “Amar durinho, amar soltinho, de qualquer jeito, de qualquer maneira, amar é bom, amar é bom demais!”

Mais ícones da MPB comentam ‘Oração’:

Martinho da Vila: “Do jeito que eu gosto, devagar, devagar, devagarinho”
Gilberto Gil: “Há uma simbiose aglutinadora que aniquila o ideário coletivo do curitibano insensível enquanto instrumento de interação humana!”
Ed Motta: “Taí, gostei, é do sul, terra de frutas vermelhas e vinhos encorpados”
Sergei: “Podem ser bons, mas só eu peguei a Joplin!”
Vanusa: “A melhor banda da cidade vai ter grande acolhida no cenário musical do...do...Brasil!

Celebridades comentam “Oração”
Alexandre Frota: “Não entendi a proposta mas parece que tá bombando!”
Ana Hickman: “Puxa, olha, sensacional, e o cantor não tropeçou !”
Bial: “Guerreiros,confinados aí na casa, todos sairão vitoriosos nessa batalha tão merecida!
Raul Gil: “Começaram comigo!”

Parecer de nomes da MPB sobre 'Oração' e grupo:

Mallu Magalhães: “Sei lá, tipo assim hihi, acho que é válido porque abraça várias possibilidades”.
Marcelo Camelo: “Puxa, eles englobam a categoria de anti-celebridade que tanto vislumbro!”
Caetano: “É uma gente bonita e harmoniosa dentro deste processo renovador curitibano-vampiresco!”
Lobão: “Tem um que de decadente dentro de uma proposta lobotomica com a alienação presumida...”
Jorge Ben: “É a cibernética algutinada feliz”!
Aline Barros: “Amém!

Autor Desconhecido

quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Brasil tem história!



O nosso país é Pop! E isso não é ruim. Mesmo que muitas pessoas achem exatamente o contrário, eu acho isso surpreendente. O mundo vive um colapso de personalidade, graças à internet. È tudo em demasia, e é tudo vulgarmente esquecido.
Não é para provocar que estou falando isso. Mas é fato que as novas tecnologias mudaram o perfil de todas as nações, mas agora, ainda imerso em todas essas “revoluções por minuto”, percebi que coisas boas estão acontecendo.
Com tudo que o nosso país sofreu, e ainda sofre, mas agora de um modo diferente, pois não podemos ser inocentes e achar que a violência não existe, que a miséria se dissipou ou que todos são, misticamente, felizes. A perfeição está bem longe de nós.
Porém, se foi a ditadura, já tivemos grandes poetas, fizemos músicas maravilhosas, ganhamos copas do mundo. Até tragédias e causos surpreendentes nós já tivemos. A repressão cultural não existe hoje, existe o mau gosto, mas isso sempre existiu.
Depois de vivermos a mercê de portugueses e militares, grandes artistas cantaram e nos mostraram a história da melhor forma. Gênios, que dificilmente serão superados, poetizaram a vida.
Antes, o país não tinha dinheiro, hoje tem. Falta para boa parte do povo, mas isso é consequência do capitalismo. No entanto, algumas coisas ficaram melhores. Isso sem defender governo Lula ou FHC, nem falar que Dilma é a melhor e eticetera e tal, mas que houve uma evolução, isso houve.
Mas o que me deixa feliz é que temos histórias pra contar. Por qual motivo comecei toda essa história? – você deve estar se perguntando. Acabei de ver um clipe com a linda e talentosa Aline Moraes e o premiado Wagner Moura cantando Tempo Perdido da Legião Urbana.
Trata-se do material de divulgação do filme “O homem do futuro”, que estreará somente em dois de setembro. E sabemos que quando o filme é anunciado com muita antecedência, existe, ao menos, a expectativa de sucesso. Algumas vezes essa expectativa é suprida com uma decepção, mas esse não parece o caso.
Achei de início que essa onda não passava de um golpe de marketing fulo (provavelmente Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos não estejam gostando nada disso), mas depois do bem sucedido clipe de Eduardo e Mônica que agitou a internet, durante a espera pelo longa Faroeste Caboclo, achei que a verdade era outra.
O que temos é história pra contar e reviver. E todo mundo gosta de uma boa história. Agora, temos tantas. Há poetas para recitar, tristezas para chorar, magoas para curar, e segredos para contar. Por que não fazer? Merecidas homenagens!
Claro que ainda há muito para se viver, e amanhã teremos novas histórias. Como diria o bom e velho Chico Buarque: Avoé, jovens a vista! Mas em tempos de tanta tecnologia, é a Legião, extinta no distante ano de 1996, que está nos trending topics do twitter.
Marcos Ferreira Silva

segunda-feira, 27 de junho de 2011

“Hey mãe! Eu tenho uma guitarra elétrica”

“Durante muito tempo isso foi tudo o que eu queria ter”. É verdade, isso não é uma simples referência à canção do mestre Humberto Gessinguer. A música dos Engenheiros do Hawaii, lançada no longevo ano de 1987, é uma crítica que marcou época e continua presente até os dias atuais. “A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes”. Grande verdade. Que a diga o NX Zero e sua Coca-Cola.

Mas esta citação não tem a ver com o toda a filosofia do gaúcho Gessinger, mas com a primeira lembrança que tenho dessa música. Ainda menino, lá com os meus sete ou oito anos, fui querer aprender a mexer no aparelho de som com CD novo que tinham comprado lá pra casa. Finalmente a tecnologia dava um chega pra lá naquele som ‘ruizinho’ das fitas K7. Sinto saudade dos discos, mas das fitas não.
Tentando descobrir como se manuseava aquela geringonça, peguei alguns CDs que tinha em casa. Os primeiros de tantos que viriam. Passei pelos Raimundos e o seu clássico “Lavo ta novo”, novinho em folha, por um álbum de canções natalinas do Ivan Lins e parei numa coletânea dos Engenheiros. Lá na faixa nove me deparo com uma música serena, só com duas guitarras e mais nada. Me espantei, pois na minha santa ignorância, achava que a tal guitarra elétrica só servia para estourar os tímpanos da minha mãe. Era o que ela dizia. 
Acho que foi o meu primeiro contato efetivo com a música e em especial com o universo dos arranjos instrumentais. Daí eu percebi a riqueza do som e o seu infinito de possibilidades. Quem me propôs isso foi um par de guitarras elétricas num jogo de solos e dedilhados. Há 80 anos as guitarras propõem isso aos jovens de todo o mundo.
Blues, Jazz e principalmente o seu filho mais rebelde, o Rock (que passa por uma fase de tão bom moço que até assusta), são os principais representantes que carregam a injustiçada guitarra em suas essências. O que seria do rock sem a genialidade de Jimmy Page, os solos esfuziantes de Slash, o delírio de Kurt Cobain, a criatividade de Jack White e até mesmo e pioneirismo de Jimi Hendrix? Essa é uma pergunta até fácil de responder: o rock simplesmente não existiria!
O som doce das cordas daquela mutação do tradicional violão tomou os anos 50 e revelou um ritmo dançante com Bill Haley e Elvis Presley. Virou décadas com Beatles, Rolling Stone e a soberania da lenda viva Keith Richards, Van Halen, Bom Jovi e um infinidade de nomes pops e underground.
O peso sujo das distorções possibilitaram criar filhos mais rebeldes ainda. O Punk dos sinistros Ramones e Clash , o metal do Iron (que dispensa o Maiden de tão clássico), e do Metallica, que tem metal até no nome, não seriam os mesmos. Se é que eles teriam existido.
No Brasil, a guitarra fez um estardalhaço só. Em meio à ditadura militar, engajados jovens artistas como Gilberto Gil e Elis Regina, dentre tantos notórios nomes, estiveram em uma passeata contra o uso da guitarra elétrica na música brasileira, com o intuito de tirar um instrumento que era visto como símbolo de uma internacionalização da nossa cultura.
Engraçado que praticamente todos os envolvidos na manifestação entenderam que o protesto era descabido, tanto que Gil hoje anda com uma guitarra nos braços em boa parte de seus shows e Elis teve o doce som do instrumento em uma de suas principais canções: Como Nossos Pais.
Com o tempo, a guitarra se mostrou versátil e totalmente possível em diversos ritmos. O sertanejo romântico usa e usou até dizer chega, o samba contemporâneo de Jorge Ben ganhou identidade com as experiências do nosso Filho Maravilha. São tantos exemplos que ficar falando é pura demagogia.
A conclusão é que a guitarra é hoje uma senhora, respeitada, mas recatada e ressentida nunca.


Marcos Ferreira Silva

sábado, 23 de abril de 2011

Ele já falava sobre vampiros muito antes de 'Crepúsculo'

Hoje vou reproduzir uma resenha sobre o novo livro do escritor paulista André Vianco, feita pelo jornalista Renato Pompeu, do caderno cultural do Diário de São Paulo.
Renato conseguiu falar de Vianco sem exaltá-lo como os fãs, mas mostrando a razão do seu valor literário. Então, vamos ao texto:
É surpreendente a desenvoltura e a facilidade com que o escritor, ex-entregador de pizzas, ex-editor de seus próprios livros e ex-vendedor de mão em mão André Vianco revela neste romance "O Caso Laura" (272 páginas, R$ 32,50), o primeiro de sua autoria lançado pela Editora Rocco, com chegada às livrarias em todo o País prevista já para o próximo dia 2. A tiragem inicial prevista é de 30 mil exemplares (normalmente os romances brasileiros são lançados em 2 mil ou 3 mil exemplares, ou até menos).
Misto de romance psicológico, policial e sobrenatural, este trabalho de Vianco - que, com doze livros publicados, já vendeu perto de 500 mil exemplares - mostra que o autor, de origem modesta, é um artista de grandes recursos literários, que domina como poucos grandes autores a técnica de escrever bem, com ritmo que, na forma e conteúdo, envolve imediatamente o leitor e a leitora. Na forma porque, visivelmente com muito esforço e muito trabalho de carpintaria literária, escreve textos ao mesmo tempo atrevidamente novos, com frases que nunca foram escritas antes, e, ao mesmo tempo, imediatamente assimiladas pelo leitor e leitora como coisas bem conhecidas e com as quais se sente logo de início uma confortadora familiaridade. No conteúdo, porque sabe criar uma trama intricada.
Dirigido sempre ao grande público, e, por isso, passível de ser chamado de "popularesco" pelos críticos universitários, Vianco, na verdade, é um autor que sabe construir o caráter de cada personagem, e apresentar esse caráter pelas falas e pelas ações dos mesmos, sem ter de apelar para o recurso artisticamente inferior de descrever ou analisar a personalidade de cada um. Ele prefere aqui o caminho mais difícil. Sabe como burilar uma frase, tornando-a agradável aos ouvidos; sabe como concatenar uma trama, sabe como manter ininterruptamente o suspense sempre renovado em curtos intervalos da narrativa, e como alternar as situações e os personagens.
Neste "O Caso Laura", um detetive particular é contratado por um idoso desconhecido para investigar os encontros de uma mulher chamada Laura, restauradora de imagens sacras, num banco de jardim, com um homem misterioso. Há outros tipos envolvidos em outras situações, como o policial que é investigado por uma agente da Corregedoria por ser suspeito de homicídios que teria praticado como justiceiro. Tudo, porém, entrelaça-se e os diferentes mistérios vão se adensando progressivamente, até o surpreendente desenlace esclarecedor.
Em suma, Vianco é um narrador hábil e com desenvoltura. Como poucos escritores, mesmo entre os mais famosos, todas as técnicas da arte literária e do artesanato de bem escrever ele conhece. Apenas pôs a sua pena a serviço, não da chamada grande arte tal como a concebiam os críticos universitários tradicionais, nem de uma "conscientização" de seus leitores e suas leitoras tal como a imaginavam os escritores ditos engajados. Ele visa simplesmente entreter agradavelmente seu público. Com isso, presta serviços a um leitor que, nas selvas urbanas de hoje, carece de emoções. Um trabalho tão digno quanto qualquer outro, que lhe garante a situação de ser um dos poucos escritores, no Brasil, a sobreviver apenas de seu ofício. Em tempo: o livro já é um roteiro de filme.
Renato Pompeu
DIÁRIO SP

segunda-feira, 7 de março de 2011

Essência

Talvez eu sinta saudade de fazer um rock, porque bom rock poucos que fazem
Muito provável eu queira pular do palco fazendo poesia
Quem sabe eu beba da água pura da essência da pedra fundamental
Que o som delirante do rock de Élvis, filtrado nas notas do Metallica, aromatizado pelo Rolling Stones e com um caldo de Radiohead me chegue com um paladar criativo de puro e simples REM...





Marcos Ferreira Silva

Há muito tempo atrás

(Texto produzido em novembro de 2010 – resgatado da lixeira do computador)
Hoje vai acontecer aqui em São Paulo o show do Sir Paul McCartney. É impressionante ver como as pessoas se emocionam e se jogam nos braços da loucura com a vinda do velho beatle. Em tempos assim, a TV mostra matérias sobre a vinda do ídolo, a histeria dos fãs e, o que eu mais gosto; imagens de arquivos.
A gente fica meio ‘abobado’ quando vê os quatro rapazes de Liverpool sendo seguidos por garotas ensandecidas, admirados por garotos de todo o mundo e respeitados por todos os senhores e senhoras que os assistiam de suas poltronas.
Pensar que eles eram quase crianças. Com seus poucos 18 anos eram donos de uma carreira e um talento único.
Enquanto lia uma revista, vi que na inauguração da cidade de São Paulo, no famoso pátio do Colégio, o tão estudado José de Anchieta ainda era um rapazote de 19 anos.
Hoje, estava vendo alguns títulos numa livraria e me deparei com uma biografia de Arthur Rimbaud e enquanto folheava as páginas, com o agradável cheiro de livro novo, descubro que suas obras mais significativas foram escritas antes dos 20 anos. No auge da minha ignorância, não sabia dessa informação. Não sabia, mas podia imaginar. Álvares de Azevedo, Jim Morrison, Renato Russo e até Jesus Cristo eram novos durante o ápice de suas vidas ou carreira.
Acho que a juventude é enigmática. O jovem é dono de uma força e uma expressão que em nenhuma outra época ele dominaria. Tenho a impressão de que Deus sopra em alguns cantos uma inquietação fora do habitual e cria seres fantásticos, únicos em uma linhagem.
Não acho que sou dono deste talento, mas, como vários jovens, tenho boas histórias pra contar.
Quando tinha 14 anos, resolvi, por puro interesse, tocar na paróquia perto de casa. Ressaltamos que Deus é muito ágil e fez desse meu abuso um fato lindo. Lá formei amizades inacreditáveis e juntei velhos amigos numa só equipe e, acima de tudo, me construí gente com sentimentos de alegria, amor e até o desgostoso ressentimento.
Eu era só um garoto que sabia tocar violão e amava os Beatles, os Rolling Stones e a Legião Urbana.  E não suportava as músicas que tocavam lá na igreja de acústica admirável. Tudo muito paradoxal, eu sei, mas era realmente assim. Eu queria tocar lá, não sabia exatamente por qual razão.
Lembro que minha primeira missa foi um desastre – para mim, porque para os demais de nada importavam, pois meu violão estava desligado.
Com o tempo, migrei de grupo umas duas vezes até que surgiram três garotas que cantavam razoavelmente mal, mas uma delas era minha paixão – talvez um amor fulminante – e com esse argumento e mais a possibilidade de tocar minha esquecida guitarra eu fui. Não podia ter feito escolha melhor.
O tempo foi passando e fomos ganhando forças. As três garotas de vozes que se modelavam perfeitamente com o tempo, e o esforço e a companhia de dois modestos instrumentistas (eu e um amigo irmão) de pureza e criatividade sem igual, nos modelamos.
Sem perceber, viramos perfeccionistas ao extremo. Ensaiávamos 5, 6, 7 horas para uma missa. Cada domingo era uma data importante e os sábados nós tratávamos o salão da igreja como um estúdio abençoado. E era mesmo. Tinha tudo que precisávamos e de qualidade. Além disso, nos sentíamos tão seguros e certos do que estávamos fazendo. Uma coisa que só a sabedoria de Deus poderia explicar.
Acabamos fazendo escola. Os ensaios dos demais grupos, que já não eram curtos, ficaram ainda mais longos. Algumas vezes abríamos a igreja umas 2, 3 da tarde e a fechávamos já de madrugada. Ensaiando ponto a ponto de uma canção, tentando modelar a música de um jeito não para nos agradar, mas para ficarmos radiantes. 
Terminávamos felizes e morrendo de ansiedade para no dia seguinte irmos chegando logo cedo na igreja um a um. Com amontoados de letras, cifras e partituras, montávamos o som e passávamos música por música. Era uma verdadeira insanidade sonora... Não pergunte a ninguém que lá tocava o segredo de tudo aquilo. Tinha um jeito natural fora do comum.
Os dedos desciam pelo braço do violão. A palheta tocava corda por corda sem errar. O baixo deslizava suave. A bateria era leve e imponente. E as vozes estavam afinadas e vibrantes. Deus estava operando...
Hoje, anos depois, não me sinto tão vivo quanto antes. Bem provável aquela facilidade toda tinha prazo curto de validade. Ainda sou jovem, mas a essência para aquilo dependia de mais. Apenas de 14 ou 17 anos. Só isso.
A magia de tudo aquilo nunca saberei explicar.
Marcos Ferreira Silva

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Em um minuto

Na última vez em que se viram... bem, acho que eles não se lembram da última vez em que se viram. Provavelmente devem ter pensado que iriam se ver de novo na semana seguinte. Mas não se viram.
Então, quando nem imaginava, ao descer do ônibus que rotineiramente o levava em seu percurso, esbarrou nela. Foi uma surpresa de verdade. Parou para observá-la um instante. De uma ponta a outra do cabelo trançado. Aquilo não tinha mudado. Nem as tranças, que ela enrolava cuidadosamente com o dedo indicador, nem ele, que continuava gostando de observá-la de longe.
Notou, sem maiores pretensões, que estava mais encorpada. Coisa que reparou, pois a moça que roubava sua atenção era muito lembrada por seu corpo esbelto. As graciosas curvas, não desenhadas antes, eram naturalmente encantadoras. Linda como sempre, mas agora com um ar mais sério no rosto. A garota hoje é uma mulher. Daquelas que impunham respeito sem dizer sequer uma palavra.
Contudo, ela não tinha ganhado em tamanho, continuava com sua baixa estatura, adjetivo que sempre aumentou seu poderio de enfeitiçar os garotos. Ainda causando um misto de sentimentos sobre quem era aquela menina, ela abraçava o seu caderno e olhava o horizonte pensando. Dava entender que viajava no seu presente, passado e futuro. Algo particular demais para alguém ousar descobrir.
Talvez, em sua mente tocava-se uma canção do Stereophonics, ou não. Enquanto ele, bobo, fazia toda sua análise sem perceber que tudo não passava de uma fração de segundo. Num impulso, movido por uma inocente felicidade, ele diz:
– Oi! Quanto tempo!
Ela responde com a mesma expressão que ele usou, mas completa com o seu típico e particular:
– Pois é, né!
Vasculha os dedos dela à procura do que todos sabiam que tinha sido aderido.  Ele acha e se surpreende, mesmo sabendo que aquilo era um fato consumado.
– Casou, não é?
– Né!
A conversa não era uma conversa sem sal, como parece até aqui. Talvez faltassem palavras para serem usadas naquele instante. Os dicionários ficam muito defasados nessas horas.
Além de tudo, ele se martelava em silêncio enquanto sorria. Lembrava não da última vez em que se viram, mas um pouco antes daquele discreto hiato. Daquela falta que ninguém ousava dizer que sentia, nem mesmo se permitia pensar muito. Era fato um pouco ignorado.
Mas, naquele momento, ele lembrava dela com uma de blusa listrada, grossa para proteger-se do frio. Também lhe veio em mente uma imagem de si próprio, com uma jaqueta marrom sobre a típica camiseta preta.
Pouco depois de posar para uma foto, ela hesitava em dizer algo naquela noite. Parecia que esperava ser beijada. Ela sempre esperava aquilo. Ele, por sua vez, não conseguia ser o sujeito que iria saciar o seu desejo. Ele vivia com um defeito grave que impedia de se preocupar com aquilo. De se permitir arriscar a encontrar os seus lábios. Era outra coisa. Ele sempre tinha outra na cabeça.
Mas agora, anos depois, ele se martirizava por lembrar de uma frase da linda garota de cabelos cacheados. Ela tinha dito, e disse que só diria para ele, porque não queriam que dissessem dela para os outros, então disse num sussurro o que ele não esqueceu que ela disse:
– Não quero voltar para ele. Sempre volto, eu sei. Mas eu não o amo...
Ele não esqueceu.
Quando ele resolveu pensar novamente em se verem, pegar um telefone, mudar o cenário, conhecer seus lábios... ela o interrompe:
– Tenho que ir... Tchau...
E correu para a garupa de uma moto e abraçou o homem que ela sabia que não amava.
O sujeito que não olhou para o lado deve ter lembrado dele. Muito provável o indivíduo deve ter murmurado alguma coisa quando chegaram em casa.
Já o rapaz tratou de recuar e ir atrás do ônibus que o ajudaria a terminar o percurso até sua casa, torcendo para que o tal marido da linda menina nada dissesse do incidente casual. Que apenas a amasse, porque era tudo o que ela merecia. Uma pena que ela só achasse esse sentimento nos braços de quem não queria...
Fazia muito tempo que eles não se viam. Anos, de verdade. Isso parece um pouco estranho porque depois de um tempo ele perdeu alguns contatos, e esqueceu de quem achava que não esqueceria. Mas era um pouco tarde...

Marcos Ferreira Silva

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sonhos de uma sexta


Ainda não passava das sete da manhã e o calor já demonstrava seu poderio, porém, graças ao sol ainda parcialmente ausente, uma leve brisa fresca confortava as primeiras horas daquela sexta-feira.
A noite anterior tinha sido de ventos fortes, arrancando o caule de algumas árvores e assustando moradores perto de barrancos. Apenas sustos. O vento não era premonição de uma forte chuva. As negras nuvens de São Pedro não choraram por sobre os prédios da cidade. O vento apenas desarticulou o insuportável calor de 32,1 graus centígrados e fez a cidade triste e suada dormir em paz.
Agora, parado no trânsito, percebo algo interessante. Um carro passa e atrás, logo acima do nome do modelo do veículo, um adesivo. Um adesivo com um desenho. O desenho de uma família. Vovó, papai, mamãe e três crianças em escadinha. A menor era uma garota ao lado de dois rapazotes. Formato infantil e ‘familiar’ para quem olhasse. Ou não.
Pouco depois vejo um outro veículo com um adesivo similar posicionado no mesmo lugar que o do carro anterior. Este era um pouco diferente. Tinha apenas pai, mãe e uma criança. Sorrisos largos animadores.
Notei que havia um certo padrão no esquema dos desenhos ao ver o terceiro, mas apenas na ideia. Eram personificados. O que contemplava agora tinha o formato “South Park”, mas era de natureza extremamente ingênua.
Famílias. Muitos não sabem o que é isso, outros ignoram a que tem. Fazem gato e sapato e chama tudo isso de babaquice.
Esperava que não, mas talvez para alguns deles aquele adesivo era só um adesivo. Nem se lembravam que tinham o posto ali.
O trânsito engasgava na ponte. Pouco andava. Parei pra pensar: o que cada um em seus carros poderia estar pensando naquele instante. Alguns deviam sussurrar nomes em sua mente, pedindo em seu íntimo que estivesse bem longe dali, que já fosse seis da tarde. Alguns queriam largar tudo, chamar os ventos, expulsar o calor e se acalmar num inóspito copo de cerveja. Sonhavam com a embriaguês. Outros queriam amar. De corpo, alguns de alma, e bem pouco de coração. Alguns, igual a mim, só queriam paz... Queriam família.

Marcos Ferreira Silva

sábado, 15 de janeiro de 2011

A ‘Passione’ do Brasil

“Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos ou personagens reais é mera coincidência”
Clara tinha em punho a arma do crime desde o início. Estava lá e você não viu porque não quis. O Fred? Ah, o Fred, esse foi o idiota da vez. Mas para (Reinaldo) Gianecchini, o filhote de ruindade comparado ao insosso Edu (Laços de Família - 2001) foi fruto de uma atuação até surpreendente. Totó foi o super homem das 09h. Só não voou. Morreu e ressuscitou na terceira semana e casou com a mulher do Ciro Gomes.
Já Leonardo Villar, no auge de seus 87 anos bem vividos e tão bem atuados, foi o grande veterano da trama, que também contava com Cleide Yaconis, Elias Gleiser e Emiliano Queiroz. Villar soube emocionar com simplicidade na pele do personagem de duas vidas Giovanni / Antero. 
Falando nisso, mas que novela gostosa de se ver. Valia o dobro por ter feras da terceira fase da vida mostrando que a melhor idade para arrancar risos e emoções é essa.
Seria injusto falar de cada um que se destacou na história dos Italianos que vem ao Brasil. Personagens como Berillo, Jéssica, Clô, Olavo (Cuoco), Mimi e até a bela Agostina foram sensacionais. Animaram, fizeram quebrar o gelo de um enredo tão pesado, tão enigmático.
Os coadjuvantes roubaram a cena com talento, mas sob direção de Denise Saraceni e um texto bem amarrado do mestre Silvio de Abreu, a “pompa e responsa” voltava naturalmente ao seu dono de direito, ou melhor, sua dona: Mrs. Fernanda Montenegro mostrou o que é fazer uma novela de verdade. Com convicção ao incorporar a matriarca (por direito) da família Gouveia, Fernanda foi além de uma simples novela, foi profundamente da dor de uma mãe e empresária roubada até a rapidez de uma astuta como poucas vistas.
Mas o renascimento de Totó ainda não foi maior que a salvação da “ruindade em pessoa” da Clara. Morta, ela mata, se joga, foge e engana todos. Igualzinho na vida real.
Mariana Ximenes, diga-se de passagem, firmou-se de vez como atriz. Encarou sua primeira vilã e deixou suas boas mocinhas enterradas no vasto campo sensual e inescrupuloso da complexada Clara. Ganhou status de celebridade. Em agosto de 2010, estampou a capa da Rolling Stone Brasil “com o diabo no corpo”.
O atormentado Fred foi ruim até dizer chega. Matou, roubou, vingou, mas não tanto quanto o anjo mau da bela Clara. Kiara!
A velha porca pedófila, vivida pela experiente Daisy Lucidi, foi o retrato do puro mal que perambula mundo afora.
Gerson decepcionou muita gente, mas foi o mais próximo do real possível, de um modo mais leve para o horário (óbvio). Mas as pessoas queriam que ele tivesse um alienígena na barriga ou o Bilu na tela do computador.
O Saulo foi mau (o mal dominou Passione) e morreu pelas mãos de quem o merecia.
Silvio fez uma trama envolvente, mas de audiência relativamente baixa. No entanto, isso não representa um fracasso, ao contrário, para os novos critérios de audiência esse foi um sucesso. Independente de ibope, foi uma história sensacional. Se apenas uma pessoa assistisse já seria um sucesso, porque é bom.
Mas quando se está na telinha é ruim para a própria massa que o assisti. O intelecto o tacha de nicho do mercado televisivo, sem ao menos assistir um capítulo que seja.
Para os pessimistas, vejam os números de acessos dos vídeos relacionados à novela no You Tube e provem do fracasso de maior credibilidade da história.
O pop é ruim. Hoje, Titanic é uma merda.
Palmas para Passione!
Marcos Ferreira Silva

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Nós em Marte

O texto abaixo não passa de uma mentira deslavada, mas foi com ele que ganhei um emprego. O teste pedia para noticiar a ponte-aérea Terra – Marte. Assim foi feito.
Só que essa discussão toda me fez lembrar do grande Renato Russo e seus “Marcianos invadem a Terra”.
Fiquei pensando em milhares de coisas que aquilo poderia significar. Existem tantas teorias que se faz em volta das críticas que Renato fazia em suas canções que o imaginamos de uma forma distorcida. Dessa vez, resolvi ficar com o sentido pé da letra e viajar até planeta vermelho.
PRIMEIRO CARRO ESPACIAL BRASILEIRO PARTE PARA MARTE
A primeira viagem do Carro Espacial Brasileiro conta com passageiros ilustres como o cantor Roberto Carlos e Pelé
Na última sexta-feira, 22, a Base da Agência Espacial Americana (Nasa) instalada em Ribeirão Preto, a cerca de 290 Km da capital de São Paulo, foi palco do primeiro vôo comercial Terra-Marte. A viagem era esperada com ansiedade pela população mundial, pois até aquele momento só havia ocorrido um vôo teste, porém apenas com tripulantes realizado nos Estados Unidos, em julho deste ano, durante as comemorações do dia da independência americana.
Os presidentes, do Brasil Luís Inácio Lula da Silva e o Americano Barack Obama estiveram entre os passageiros. A lista também contou com algumas pessoas ilustres, tais como o ex-jogador de futebol Pelé, o escritor Paulo Coelho, o cantor Roberto Carlos, o ministro de Relações Internacionais do Brasil Celso Amorim, a Secretária de Estado Americano Hillary Clinton e o empresário brasileiro Abílio Diniz.
“Nunca antes na história, um evento mobilizou tanto os holofotes do mundo” – afirmou o presidente Lula durante discurso emocionado ao lado de Barack Obama. Lula também ressaltou o avanço da ciência no país como um passo importante para o mundo. “Para quem não sabe, esse momento só está ocorrendo porque cientistas brasileiros, com o apoio do governo federal, puderam ao lado de cientistas do mundo todo desenvolver esta maravilha” – afirmou Lula.
Foram investidos 3 bilhões de reais neste projeto, cerca de 90% deles liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o restante do valor veio da iniciativa privada e de alguns milionários que preferiram o anonimato, destes, R$ 4 milhões foram para a construção da pista de pousos e decolagens Cruzeiro do Sul, em Ribeirão Preto, onde já funcionava uma base de estudos da Nasa – R$ 45 milhões para estudos e o restante para a construção de 25 Carros Espaciais, que farão o trajeto entre os dois planetas e a construção da Base Galatic World em Marte, que conta com 3 pistas que receberam os carros da Terra e um centro de estudos espaciais.
Segundo os organizadores, a festa de lançamento da ponte aérea contou com a participação de 1 milhão e trezentas mil pessoas vindas de todo o planeta para assistir a decolagem. Quem esteve lá pode aproveitar os shows com os artistas internacionais Black Eyed Peas (Califórnia - EUA), Pearl Jam (Seatle - EUA) e Shakira (Colômbia), além dos Brasileiros do grupo Skank, as cantoras Ana Carolina Ivete Sangalo e o cantor, também passageiro, Roberto Carlos.
 “É uma emoção que não é possível explicar, só tenho agradecer a Deus por estar aqui” – disse Roberto Carlos durante a introdução da canção “Emoções”.
O evento foi mostrado ao vivo em TVs por toda América do Sul, Estados Unidos e Europa, alcançando picos de audiência em vários países. No Brasil, de acordo com os índices de medição, emissoras que mostravam o evento representaram 95% dos televisores ligados em todo o país.
O presidente da NASA, Michael Griffin, disse na coletiva de imprensa, realizada na noite de quinta-feira, 21, que “o Brasil, graças ao avanço do país no núcleo tecnológico e científico, merecia ganhar o direito de marcar o começo destas operações”.
Em carta oficial, a General Motors, fabricante dos Carros Espaciais ao lado da América Airlines, disse que “esse fato inicia as pontes aéreas entre o nosso planeta e Marte. Daqui pra frente, os vôos serão semanais e depois diários, no intuito de habitar por completo o planeta vermelho”.
A pretensão de habitar Marte deve-se ao acordo assinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2005, que pretende utilizar o novo planeta como fonte de riquezas naturais para ajudar a salvar a Terra contra o aquecimento Global.
Já existem 250 casas prontas para serem habitadas em Marte. Todos os passageiros desta primeira viagem nacional já possuem uma casa no planeta.
Para adquirir uma residência marciana, o proprietário tem de dispor de US$ 250 milhões de dólares. Os Bancos estatais da Europa, Estados Unidos, China e Brasil financiam a compra em até 15 anos. As viagens são pagas à parte e custam US$ 4 milhões de dólares.
O primeiro a embarcar na nave foi o Rei Pelé, que não concedeu entrevista, mas antes de entrar disse em voz alta que estava muito emocionado e soltou um grito de “Obrigado Brasil”. Pelé foi seguido de Paulo Coelho (que recentemente escreveu o livro Viagens a Lua) e Roberto Carlos. Depois, subiram Celso Amorim, Hillary Clinton, Abílio Diniz e os presidentes Lula e Obama.
Uma contagem regressiva entoada por todos os artistas junto ao público anunciou o momento mais esperado. Pontualmente às 11 horas da manhã de 22 de outubro de 2010 (hora de Brasília), a espaçonave mais conhecida do mundo fez sua primeira decolagem como vôo comercial.
Outro Carro espacial decolou com mantimentos e equipamentos médicos. Os viajantes devem ficar, inicialmente 1 mês em Marte e depois retornar a Terra. Segundo a Nasa, a partir de 2011 os viajantes não terão limites de permanência no planeta.
As naves devem percorrer os 55,7 milhões de quilômetros entre os dois planetas em torno de 16 dias.
Os dois carros espaciais devem aterrissar em Marte às 18 horas do dia sete de novembro, com transmissão ao vivo para todo o planeta. Os tripulantes e passageiros devem voltar a pisar na terra em 15 de dezembro deste ano.
Marcos Ferreira Silva

sábado, 8 de janeiro de 2011

Aromas

Certas coisas nos remetem há anos atrás, nos faz ser nostálgico ao extremo. Hoje me aconteceu uma coisa assim.
Sabe aqueles raros momentos em que temos a essência da família reunida, para alguns, como eu, coisa rara. Sempre vai faltar um, ou muita gente especial. Aquela hora que se pode desfrutar daqueles que estão ali e que em outro tempo também esteve.
Em um final de semana de julho, com a temperatura acima da média, mas com uma noite levemente fria e um céu encoberto de pesadas nuvens - que a metereologia aposta que irão se dissipar até o amanhecer - estava meu irmão  e eu brigando como há dez, quinze, vinte anos atrás, mas agora ele era um pai de família e eu um ‘novo adulto’, com minhas responsabilidades e mazelas à parte.
Dessa vez, ele vinha me reclamar de um pote de creme para barbear vazio e enferrujado que eu insistia em manter, muito bem guardado, no armário do banheiro. Eu, com essa enorme fixação pelos bens materiais inúteis (desculpe, meu Deus) comecei inventar desculpas para mantê-lo lá. Nesse ‘joga fora’ – ‘não, não jogo’ em que nos encontrávamos, uma coisa me chamou a atenção. O cheiro do velho creme de barbear me pausou. Aquele fora o primeiro creme de barbear que usei na vida. Estava no meu primeiro emprego e ganhei um kit com creme e loções de uma médica (trabalhava num hospital).
Veja só, em primeiro lugar, não me lembrava a muito daquela pessoa, muito menos que eu já havia trabalhado num hospital. Mas o que mais me tocou foi lembrar das aventuras daquela época, dos amigos, das enrascadas, das tantas coisas engraçadas e das paixões, ou melhor, da paixão. O calendário pregara uma peça.
Esse inimigo mortal nos engana sempre. Dificilmente percebemos as coisas que aconteceram depois de muito tempo. As datas da folhinha morreram e com elas muitas coisas que nos eram imprescindíveis. Únicas. O tempo sempre faz isso.
E no disse me disse, qual decidíamos o que faríamos com o pobre creme de barbear, preferi esquecer o aroma que pairava com as lembranças e disse:
- Joga fora.
Optei esquecer aquela lembrança junto com o cheiro, e lembrar só dos que estavam ali. Infelizmente as lembranças nunca me trariam o que perdi de volta.
O cheiro foi embora, mas ainda lembro.
 
Marcos Ferreira Silva