sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Apaziguar


A conversa era insossa. Ninguém sabia no que aquilo, afinal, ia dar. A voz embriagada de sono de um lado duelava com o tom triste de decepção do outro.
O tempo parecia ter passado rápido demais. As coisas ao redor davam a sensação de atrapalhar a vida que insistia em tomar sentido naquela relação.
As palavras vorazes doíam um pouco, mas elas pareciam soltas em meio à enxurrada de sentimentos que misturavam frustração, medo, conhecimento do outro e tudo de muito mais.
A vontade era trocar tudo por uma farta caneca de café bem forte. Jazz ou blues... talvez não, melhor um disco de baladas antigo, preferencialmente um vinil com a agulha limpa deslizando pelo LP. Era melhor delirar ouvindo o leve chiado ao fundo da canção do que se martirizar ouvindo palavras mordazes.
Duras, nuas e cruas palavras de descontentamento pelo amor. Esse sentimento sem dúvida presente, mas exausto pelas dúvidas.
Coisas criadas com tantas certezas e convicções. Cada um ali sabia quem era e o que queriam, mas juntar essas peças todas era coisa por demais difícil.
A química evidente perdia partes importantes da fórmula quando uma simplória bobagem (assim mesmo, redundante) tomava conta do diálogo.
Talvez fosse melhor manter o silêncio e esperar tudo ficar bem... 
Marcos Ferreira Silva