terça-feira, 30 de agosto de 2011

Diário de bordo - parte 01

Foi estranho olhar o calendário hoje. Lá estava marcada a chegada da lua nova, exatamente a meia-noite e quatro minutos do dia 29 de agosto... nossa, mas o ano começou ontem mesmo! Já está acabando o ano, que de modo clichê enfatizo que passou voando.
Isso me fez lembrar algo que a mente havia rapidamente apagado. Há exato um ano e quinze dias eu realizava a única viagem para o nordeste brasileiro que a minha mente se lembra, pois já havia visitado aquelas terras secas aos três anos, no entanto a idade não me permitiu gravar muita coisa na memória.
O que me arrastou até lá foi a necessidade de socorro a minha avó, dona Lindaura, hoje, nos altos dos seus 87 anos, vive enfurnada em um apartamento em São Paulo. Medida necessária para manter acesa a sua condição de saúde, naturalmente abalada pela idade, mas ainda boa - assim mesmo comparada.
O vôo emergencial naquela sexta-feira foi calmo. Lembro do momento em que minha mãe, também única acompanhante na viagem, e eu pousamos no moderno e bonito aeroporto Zumbi dos Palmares. Porém, fora dos limites do “pousador de avião”, fui conhecer uma outra realidade.
Nosso destino era uma cidadezinha distante de Maceió, Inhapi. Para chegar lá, só de van. Já estávamos alertados das condições. Viajamos quatro horas por uma estradinha de mão dupla, com apenas duas faixas e praticamente deserta.
Era tempo de inverno e as plantações estavam imponentes, repletas de milho verde e gado gordo. Poucas casas, grandes descampados que se perdiam de vista no horizonte, algumas florestas, rios e açudes cheios. Mamãe, filha daquela terra, fez questão de ressaltar: “nem sempre é assim”.
Exaustos, chegamos à cidade. Atípica de tudo que conhecia. Pobre paulistinha ignorante da vida real. Fiquei surpreso com o que via. O centro de Inhapi é quase um vilarejo no qual se percorre de ponta a ponta em um piscar de olhos.
As ruas de paralelepípedo, poucos carros. Casas antigas e simples... a praça, a sorveteria e a igreja. Longe de tudo e todos. Jovens de uma cultura bem diferente em relação a um nativo de São Paulo. Um perfil diferente do meu, nem melhor nem pior, apenas diferente.
Notei que a maioria desses garotos e garotas eram amantes de motos – o melhor meio de transporte para correr a capital e o sertão. Lembro de um garoto limpando sua moto no meio da cidade. Com uma caixa de som que tocava um típico tecno-brega.
Ao percorrer aquelas ruas notei que não passaríamos despercebidos. A cidade era pequena e um rosto novo era facilmente notado...
Continua...
Marcos Ferreira Silva

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