domingo, 3 de junho de 2012

Legião Urbana a tudo vence

"Urbana Legio Omnia Vincit"... é, Renato, você tinha razão...
Eu pensei diversas vezes em escrever algo sobre o tão falado tributo à Legião Urbana. Ouvi muitas críticas e elogios sobre o show. Ouvi detonações sobre a voz de Wagner Moura e preferi me calar. Mas nos últimos dias muitíssimas pessoas me paravam para perguntar o que eu achava disso tudo. Me consultavam como se eu fosse um guru, um sábio especialista no assunto Legião Urbana.
“Enfim, eu não sou tudo isso. Não vou falar”. Essa frase foi tão Renato Russo, eu sei. Doce ilusão minha. Olhei a pilha com toda a discografia do grupo de Brasília organizada em ordem cronológica em minha estante. E eu sempre pronto pra contar uma história de uma ou outra música, alguma curiosidade de um disco e a explicação de tantas letras. Percebi que precisava falar.
Não achei um show perfeito. O ator e cantor Wagner Moura não é um interprete perfeito, mas é um fã perfeito. Ver Wagner no palco é emocionante. A vibração que ele conseguiu passar nas duas noites de festa no Espaço das Américas em São Paulo é de invejar um beatle.
A emoção foi o lema das apresentações nas quais Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá se reencontraram com o público carente da poesia que não morreu com o corpo de Renato Russo em 1996, mas que estavam guardadas no coração dos fãs e nas pilhas de discos.
A Legião Urbana não voltou como muitos falavam. A proposta estava escancarada para todos, nada foi escondido, aquilo era um tributo, uma justa homenagem a uma das maiores bandas do planeta.
Sei que nesse momento muitos estão se roendo e me taxando de nostálgico. A Legião não é uma unanimidade, pois toda unanimidade é burra, e a Legião pode ser tudo, menos burra. Respeito quem não gosta de Legião Urbana, mas não esperem mais do que isso de mim.
As canções entoadas por um Wagner Moura eufórico fazem parte de um repertório especial para cada uma das mais de 8 mil pessoas que marcaram presença no show e todos que estavam em casa assistindo o show de suas vidas.
Não só as letras geniais de Renato marcaram a vida dessas tantas pessoas, mas todos os arranjos das músicas são a trilha de muitas pessoas que encontraram naquelas canções algo a se apoiar em alguns (ou em vários) momentos da vida.
A batida marcada de Bonfá bate no ritmo do coração dolorido preso ao peito, a guitarra de dado soa chorosa nos ouvidos de todos que ouvem a voz grave de Renato falando pra si mesmo.
No papel de homenagear a Legião Urbana e Renato Russo, Wagner Moura foi sublime. Se portou como um verdadeiro mestre de cerimônia e conduziu fãs ensandecidos a celebrar as canções que estavam presas na garganta e que já ganharam tantas versões em vozes desconhecidas, em milhões e milhões de lares Brasil à fora.
Eu poderia perder o meu tempo dizendo que o capitão Wagner passou duas horas viajando entre erros e acertos vocais, desafinando e semitonando as músicas, mas prefiro lembrar que, em cima daquele palco, o artista de renome emocionou com sua interpretação voraz.
Todos sabiam que o que estavam vendo era apenas um resquício do que foi a Legião Urbana, mas o que valia mesmo era lembrar o que aquelas músicas tinham feito na vida dos fãs.
Estava provado por A mais B que a Legião a tudo vence. A Legião Urbana é o povo que se apoderou de cada acorde, cada nota das tantas músicas que são trilhas de vidas loucas e simples em todos os cantos do mundo.
Num show em que Dado e Bonfá subiram ao palco para relembrar uma vida ao lado da legião de fãs, Wagner Moura só poderia transformar tudo isso em um acontecimento cinematográfico. Errado isso? Não. Foi o próprio Renato que certa vez disse: “Vamos fazer um filme”. Está feito e registrado na mente e no coração de muita gente.
“Se vocês acreditam numa coisa de coração e se vocês sabem que é uma coisa importante pra vocês e sabem que não vai machucar ninguém, vão em frente e façam...” Renato Russo...

Marcos Ferreira Silva

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