sábado, 13 de março de 2010

Desabafo de uma sociedade injusta

Você foi à banca hoje? Comprou o seu jornal?
Se você comprou a Folha de São Paulo, como muitos costumam fazer nos dias de Sábado, infelizmente você não deve ter se animado, como de costume acontece, ao abrir o já tradicional caderno Folha ilustrada. Hoje você não se deparou com as famosas tirinhas do nosso querido Glauco.
O mundo acordou mais careta hoje.
Toda edição deste sábado entrou em luto. Nenhuma charge. Espaços em branco. Na TV, homenagens e a exibição de mais um triste enterro. Polícia investigando outro assassinato com requintes de crueldade. O Angeli também não desenhou hoje. O bom humor foi às pressas substituído por um oposto sentimento.
O cartunista havia sido assassinado. Como pode? Assassinado? Perguntei-me. Sim, isso mesmo, dentro de casa.
Imerso numa pretensiosa inocência, fiquei pensando; como um sujeito de um humor tão requintado, de um talento admirável como o que só ele possuía, pode morrer assim. Meu Deus, ele era um líder espiritual. Não defendo, nem critico religiões, mas o que me vem à cabeça é que uma pessoa com seus dotes e tantos admiradores, principalmente amigos, não poderia fazer mal sequer a uma mosca. E não fez, mesmo. A polícia investiga, mas o que dizem é que ele tentava ajudar um viciado que dizia ser Jesus e que entrou pela porta da frente, pedindo clamor que ele retribui com 10 covardes disparos. Loucura que matou pai e filho. Destruiu um talento e uma família. Desfez um sonho.
Nessas horas achamos que a vida, ou melhor, a morte é injusta. Mas isso não vale a pena ser questionado. Isso apenas infama ainda mais a nossa dor. Como cita o Padre Fábio de Melo em seu Livro “Quando o sofrimento bater a sua porta”:
Não são as respostas que nos maltratam, mas sim as perguntas que querem nos afastar de Deus.
O Arnaldo Jabor diz em um de seus livros que 'é triste morrer'. E é mesmo.
Que a justiça seja feita nos parâmetros reais dessa palavra e que alegria volte a nos dominar quando abrirmos o jornal da próxima vez.

Marcos Ferreira Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário