domingo, 28 de março de 2010

Renato para sempre!

50 anos depois...
Renato Russo saiu desta vida como uma lenda e foi direto para o seleto hall dos mitos.
Renato era mais que somente um cantor e compositor, e como ele mesmo dizia; alguns o chamam de poeta. Não, não, ele era mais. Era um cronista do seu tempo, alguém que enxergava além do que simplesmente está à sua frente. Ia ao fundo do coração, tocava a alma e as feridas de todos.
Fazia músicas para os ‘pais e filhos’. Explorava o clã da sociedade. Talvez sem intenção, muitas vezes fez além de protestos e desabafos, fez biografias alheias, infligiu as almas e conquistou nossa confiança.Era o espelho de um povo.
Lembro uma entrevista de Dinho Ouro Preto do Capital Inicial que contava que certa vez ao ouvir uma música do amigo disse: “Um dia você vai ser leitura obrigatória nas escolas”. Pensei como seria tal cena; a garotada enfiada entre Machado de Assis, O Cortiço e Faroeste Caboclo. Ri sozinho.
E não demorou a profecia de Dinho começar a mostrar sua veracidade. Um dia fui surpreendido com uma solicitação de Análise de “Que país é esse” no meio de questões sobre “Memórias póstumas de Brás Cuba” e algumas questões de ‘Química, literatura e gramática’.
E não foi só isso. O encontrei novamente no vestibular para Jornalismo.
Impressionante o impacto do jovem Renato. A trajetória rebelde com causa, a doença, a vida afetiva. Muitas vezes ouvíamos suas letras e cantávamos junto do seu vozeirão, sem sequer imaginar o que ele pensava quando escreveu aquilo, mas Renato parecia falar com cada um que ouvia sua música. Era um encontro particular.
Arthur Dapieve cita na biografia “O Trovador solitário” a passagem em que após a morte do cantor, se viu como qualquer outro jornalista naquele dia 11 de outubro, buscando histórias, fotos e qualquer coisa para ilustrar uma das inúmeras homenagens que Renato Russo passava a ter direito obrigatório a partir de então, quando ouviu no rádio do carro “tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor”. Nesse instante o jornalista percebeu que jamais nenhum de nós ouviria nada igual na vida. Eu imagino qual foi sua sensação.
As canções de Renato e da Legião Urbana em si, até hoje instiga pensarmos em como está nossa sociedade. Além de entrar em nossos quartos e nos pôr de escanteio e em meio a lágrimas fazer-nos pensar na vida.
Renato foi mais porque nos conheceu de verdade, sem nem mesmo saber quem somos.
Marcos Ferreira Silva

Um comentário:

  1. Olha, acho que não dá nem pra imaginar o que se passava na cabeça do Renato Russo quando compunha letras tão profundas, complexas e muitas vezes intrigantes. As letras que ele escrevia realmente falavam por si só e demonstravam um misto de tristeza, ousadia, confusão, dor, alegria, revolta, denúncia... ele era um músico grande demais, não cabia dentro de si mesmo.

    ResponderExcluir