domingo, 22 de novembro de 2009

Tudo virou EMO

Algo andou povoando os meus ouvidos nos últimos dias; as velhas canções do Raimundos como as sacanas Selim e I Saw You Saying. Descobri que esta segunda era uma parceria com Gabriel, vocal e guitarra do Autoramas. Bateu uma nostalgia, muito comum para mim. Skank antigo, Legião hoje e sempre, Titãs e sua sonífera Ilha. De quebra um especial do Cazuza resgatou meus bons CDs (atuais raridades por causa do mp3) e DVDs.
Ao ligar a TV me deparo com os meninos do NX Zero. Nada contra os garotos, até incluo uma ou duas de suas canções no meu moderníssimo IPOD, mas o problema é que no atual cenário Rock brasileiro, pouco vemos além deles e de bandas similares como o Fresno, que tem lá seu talento e encantam a “mulekada” dessa geração.
Os mais antigos viram-se para o rádio e a TV e proclamam que não se fazem mais músicas boas. É uma pena. Tudo virou EMO.
Sou um possível expoente da atual música. Com minha banda tocamos clássicos e músicas de sucesso. Anos 70, 80, 90 e 2000. Usamos roupa preta por puro charme. Mas os EMOs estão tão em evidência que vez ou outra nos intitulam assim. Injustiça ilógica. Claro. Muitas músicas que tocamos são da época que nada disso existia, mas se fala de amor é EMO e ponto.
Lembrei de um colega que gostava de HardCore, quando o Dead Fish e CPM22 estavam no topo em 2003. Muito conservador, ouvia o HardCore original, americano, apreciava um bom Punk “Podre”. Mesmo assim o chamavam de EMO quando o encontravam lendo um romance por detrás de um boné quadriculado, camisão e um Al star. Como resposta, ele tratava de chamar todos de idiotas e falar: Vocês só me chamam de EMO porque leio um romance. EMO é emotivo, emotion? Então Roberto Carlos, Zezé di Camargo & Luciano, Amado Batista e até os Beatles com suas “Micheles” (I love you, I love you, I love you. That’s all I want to say. Until I find a way. I'll say the only words I know that you'll understand) são EMOs. Legião nem se fala.
Ouço uma banda católica chamada Rosa de Saron. Ela é uma banda de Rock, com letras inteligentes e interessantes, mas mesmo sendo católica não usa a religião a ferro e fogo em suas canções, usam as metáforas e sabem empolgar e emocionar. Tem uns vinte anos de estrada, já foram considerados Metal e até no Guinnes book entraram como primeira banda de Rock católico do Mundo. Empolgado, comentei esse assunto com um amigo meu:
(dialogo ilustrativo)
_Pô, legal o sucesso deles.
_É, eles agora estão com pegada EMO...
_??????????
Santo EMO metal do Angra!!!
Bem. Eu vou indo, hoje vou ver se descolo uma balda EMO, talvez um Creedence.
Ah, aqueles Ramones também são EMOS. Aquelas jaquetinhas e calças de couro não me enganam.
O João Gordo também é.
Sir Paul McCartney e sua franja Emo
Marcos Ferreira Silva

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