sábado, 12 de junho de 2010

A clássica solidão de Gabriel García Márquez


Entre tantos casos, o autor nos envolve em uma leitura em que chegar a última página é sinônimo de obrigação para o leitor
“Este é o melhor livro escrito em castelhano depois de Quixote”, conforme foi provado por seus milhões de exemplares vendidos em todo o mundo e pelas palavras do consagrado escritor Pablo Neruda. Cem anos de Solidão, do Colombiano Gabriel García Marquez, é uma obra que ultrapassa a barreira da sensibilidade do leitor, trazendo diversos sentidos para uma mesma estória e de um tema pouco discutido: A solidão.
O revolucionário livro de Gabito, como também é conhecido, foi escrito num padrão realismo mágico, composto por elementos reais para situar o leitor em uma narrativa de ficção, onde o fictício povoado de Macondo serve de cenário para dar asas à imaginação do autor, que, desde criança, encantava-se em criar situações impossíveis para seus personagens, mas que chamassem a atenção do leitor. Lá vivem todas as gerações dos Buendías, que movidos por uma espécie de praga gerada desde o relacionamento de seus patronos, José Arcádio Buendía e Úrsula Iguarán, vivem um período de cem anos de solidão.
Como poucos, Gabriel García Márquez traz todos os personagens numa enxurrada de situações que vão de geração em geração, repetindo o nome de alguns descendentes, como em várias famílias, porém causando certa estranheza e confusão nos leitores, deixando alguns com a sensação de que o livro pode não dar em lugar algum, que o emaranhado de personagens pode perder o sentido, mas a estripe dos solitários ganha força com o elo dos personagens a cada geração.
Cem anos de solidão trata de um enredo triste, que nos põe a pensar no que é exatamente a solidão. Como dizia o poeta Cazuza: Solidão a dois de dia, faz calor depois faz frio. Solidão não significa necessariamente estar só, mas na visão do livro, solidão é permanecer só em alguma situação, seja num ideal ou numa loucura, fruto de um sonho.
A solidão do amor, como é vivida por Amaranta, Pietro e Rebeca, é causada por um amor não correspondido, aonde uma traição causa reclusão, dor e até o suicídio. A solidão da patrona Úrsula, que como ela mesma afirma, sofre constantemente ao ser a "voz da razão de uma família de loucos". A centenária que rege a família acompanha todas as situações e perda de parentes, vivendo a solidão das lembranças, como a morte de seu marido, José Arcádio, que, louco, é preso em tronco até a morte, após ser solto e carregar o castigo na imaginação.
Os aplausos e elogios ao livro, renderam ao autor o premio Nobel de Literatura em 1982. Mais de 40 anos após seu lançamento e mais de 30 milhões de exemplares vendidos, Cem anos de solidão tem a peculiaridade de ser umas das obras mais lidas e traduzidas de todo o mundo.
Entre tantos casos, Gabriel Garçía Márquez nos envolve em uma leitura em que chegar a última página é sinônimo de obrigação para o leitor.
Baseados nas extraordinárias histórias de sua avó, o livro de Gabriel García foi públicado a muito custo pela Editora Sudamericana em 30 de maio de 1967, com elogios unanimes de quem leu os originais da obra.
Com seus personagens tristes e de histórias chocantes, como a do Coronel Aureliano, que depois de se envolver com política, lutar por ideais e ver dezesseis filhos morrerem assassinados por causa de sua reputação, morre solitariamente, o livro nos enche de alusões sobre o certo e o errado, exopondo um ser humano frágil diante as inquitudes da vida.
Em resumo, Cem anos de solidão, com seus mitos, fantasias e realidade, é mais que um simples livro, é uma leitura essencial para a mente e para vida.
Marcos Ferreira Silva

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