quarta-feira, 31 de outubro de 2012

The Platters mostra que boa música tem vigor inesgotável


Em turnê pela América Latina, o lendário grupo de Los Angeles, nos Estados Unidos, passou pelo Brasil pela vigésima sétima vez e o Guitar Talks foi conferir o show.
Formado em 1953, o quarteto não possui nenhum dos integrantes originais. O líder B.J. Mitchell é o membro mais antigo do Platters e o único que trabalhou com os músicos da primeira formação.
A jovem soprano Ellie Marx é brasileira e integrou o grupo em maio de 2012. Muito recente para uma banda com quase 60 anos de carreira. O quarteto é completado pelas vozes de Ronn Howard e Kevin Carrol.
Analisando esses fatos, quem nunca assistiu a uma performance dos quatro vocais imagina um grupo sem identidade e estagnado em plena nostalgia. Mas o que pode ser notado na noite de 28 de setembro, quando o The Platters subiu ao palco do Alphaville Tênis Clube, foi outra coisa.
A energia do quarteto é fiel ao grupo original e as vozes são impecáveis. Quando Kevin Carrol entoa o clássico mais conhecido do conjunto, a plateia vibra de imediato. “Only you”, composta por Buck Ram e sucesso em 1955 na voz de Tony Williams, não perde a elegância e o romantismo quando é interpretada por Kevin Carrol e seus companheiros.
Outros clássicos das quase seis décadas de existência do The Platters são rememorados durante o show. Canções como “Smoke Gets in Your Eyes”, “Sixteen Tons” e “The Great Pretender”, conhecida por muitos na voz de Freddie Mercury, encantaram o público que vibrou durantes os 50 minutos de show.
A voz grave e performática do líder B.J. Mitchell é capaz de agradar os mais exigentes ouvidos. Seus passos de dança e a interação com o público costumam arrancar risos e deixar a plateia sem parar.
Nenhum dos integrantes deixa a qualidade das vozes cair. Ronn Howard passeia pelos tons com calma, segurando bases para qualquer interpretação, mas também encanta quando assume a dianteira em algumas músicas. A sintonia vocal faz algumas vezes o show parecer um playback, graças à qualidade do conjunto.
Ellie Marx prova que tem méritos para compor o grupo, mas, ao lado do trio masculino, o formato do show não privilegia sua voz, deixando ela apenas compondo o coro, mas com pouco destaque em solos.
Ir a um show do The Platters esperando um repertório novo ou versões com estilo atual é um erro. A apresentação do grupo americano é calcada na nostalgia e no charme romântico e dançante do R&B, com a mesma classe de mais de meio século atrás.
The Platters não arrisca no palco, seguem os mesmos passinhos e canções que marcaram sua carreira, mas sem perder a qualidade que o elegeu como um dos melhores grupos vocais da história.
Marcos Ferreira Silva
Foto: Crysthian Gonçalves

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